Um debate cada vez mais recorrente no mundo dos negócios é sobre como serão as profissões do futuro. Muito se fala sobre profissões que serão extintas, mas acredito ser mais valioso observar pelo âmbito de que o trabalho será transformado, possibilitando inclusive que novas profissões sejam criadas.
Esta não é uma questão nova, porque a cada vez que uma tecnologia é desenvolvida, e ela possibilita a substituição do trabalho humano, a discussão sobre o futuro das profissões vem à tona. Vamos refletir um pouco melhor sobre os acontecimentos que levam a esse debate.
A inteligência artificial transforma o modo de trabalho em todos os segmentos da sociedade. Imagine contar com um assistente, muito eficiente, que responde rapidamente as demandas mais complexas de informação? Pois isto já é possível com a inserção de IA (inteligência artificial) como o Watson, da IBM, dentro de um sistema de informação. Esse é o caso do Bradesco utilizando a plataforma Watson. Neste caso específico, não se trata de substituir o trabalho de alguém, mas sim de realizar trabalhos numa escala enorme que antes seriam difíceis, impossíveis ou inviáveis de serem feitos com os meios padrões, sejam por custos ou por qualquer outro motivo.
Por exemplo, muito se fala de Big Data, uma quantidade gigantesca de dados acumulados pelas empresas, mas o uso efetivo destes dados é mínimo em muitos casos. IAs como o Watson podem ser integrados a estes sistemas, para trabalhar e analisar os dados, obtendo insights que antes não eram nem mesmo observados.
Apesar deste exemplo, a Inteligência Artificial vem sendo usada para substituir, sim, o trabalhador. É o caso de um projeto desenvolvido pela JP Morgan, por exemplo, o COIN (Contract Intelligente), em que um software faz em poucos segundos o trabalho equivalente a 360.000 horas de trabalho de advogados.
É uma mudança e tanto, sem dúvida, e muito provavelmente seja preciso mais do que uma geração de profissionais para absorver o impacto causado pelo avanço dessas novas tecnologias. Mas vamos lembrar que as mudanças ocorrem na sociedade desde o início dos tempos, e as tecnologias avançaram mais acentuadamente desde a revolução industrial. Por isso, nosso medo ancestral de não ter um meio de sobrevivência é o primeiro a se manifestar em momentos assim, o que talvez nos leve a avaliações extremadas, do tipo ame-o ou deixe-o.
Se o ‘deixe-o’ não se mostra mais possível nas demandas profissionais, é melhor aderir logo ao ‘ame-o’, porque o uso da Inteligência Artificial é um processo irreversível.
A robotização já é realidade em boa parte das empresas ao redor do mundo, vide as plantas das indústrias automobilísticas, e isso significou uma profunda redução na oferta de empregos em sociedades de países desenvolvidos, em tese mais preparados para absorver e requalificar essa mão de obra não mais necessária, e também para países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. O cerne do problema é que, a cada nova onda de inovação, trabalhadores mais qualificados são atingidos.
Na revolução industrial a substituição era do trabalho braçal; agora, com a chamada Quarta Revolução, chegou a vez do trabalho intelectual.
Acho que a principal questão para a sociedade é repensar o papel das empresas no desenvolvimento da economia como um todo. Se o objetivo é gerar ocupação e renda para as pessoas, é preciso encontrar novas saídas para uma tecnologia que já é realidade. Por outro lado, se o foco principal das empresas é garantir o lucro, a conta certamente vai cair no colo do governo.
Uma coisa é certa: a Inteligência Artificial e novas formas de trabalho vieram para ficar, e aqueles que não aderirem às novas tecnologias perderão competitividade no cenário mundial. Resta saber o custo disso e o tempo que levará para que os novos meios de produção sejam capazes de absorver os trabalhadores que serão substituídos pelas máquinas.
Em breve, em um outro artigo, falarei sobre um tema bastante interessante, disruptivo e que vem despertando bastante o meu interesse em particular: Blockchain. Até mais.