Quatro anos após sua chegada ao mundo, em 2011, o ícone da computação cognitiva Watson já havia sido eleito a “Personalidade do Ano”, durante o 15º Festival Annual Webby Award, realizado em Nova York.
Pouco tempo depois, foi a vez da plataforma de computação cognitiva da IBM bater os dois maiores campeões de um famoso programa de perguntas e respostas da TV norte-americana, o Jeopardy – impulsionado pela sua arquitetura de software DeepQA.
De lá para cá, esse ícone da Terceira Era Computacional, além dos holofotes da mídia, vem ganhando cada vez mais atenção dos universos acadêmico, científico e empresarial, no Brasil e no exterior.
Inclusive, há uma unidade exclusiva da IBM – criada em 2014 – para cuidar dessa tecnologia, o Watson Group.
O Watson pode ser usado em companhias de todos os segmentos e portes, como Saúde, Educação, Bancos, Agricultura, Cultura, entre outras. Já está em dezenas de startups e empresas no Brasil e qualquer organização e desenvolvedor pode ter acesso ao Watson por meio da plataforma de serviços na nuvem IBM Bluemix.
Mais de 80 mil desenvolvedores no mundo já estão utilizando serviços do Watson na nuvem e 500 startups construíram aplicações com uso dessas soluções. Aqui no Brasil temos a Meeka, a assistente virtual do Mecasei, que organiza informações e ajuda os noivos a planejarem o casamento; e o Dr Cuco que lembra os usuários do horário para medicamentos, informações de apoio relacionado à doença sendo tratada, entre outras. Além disso, a IBM oferece programas de parceria com startups a fim de que a inteligência artificial esteja cada vez mais acessível.
A Via Varejo criou um assistente virtual que usa a inteligência cognitiva do Watson para ajudar o cliente a escolher a melhor opção de celular conforme o perfil de uso. O assistente está disponível nos sites e apps das Casas Bahia e Pontofrio.
Há muitos outros assistentes interessantes com Watson sendo usados. Um exemplo é o aplicativo Digaê, que responde para gestores públicos da Bahia sobre projetos em suas áreas de atuação. Outro é o da construtora MRV Engenharia, que informa o status de construções e interage com clientes em linguagem natural sobre o processo de acompanhamento da obra.
No setor bancário, a BIA, do Bradesco, foi criada em 2015 e funciona como uma central de atendimento interna respondendo mais de 10 mil perguntas por dia a 65 mil funcionários. Já o app do Banco do Brasil ajuda a realizar transações financeiras e fornece informações gerais. Esse assistente utiliza a tecnologia IBM Watson para interpretar o que o usuário está buscando e localizar o serviço desejado.
No universo agro, o Watson tem ajudado na direção autônoma de tratores; no monitoramento e controle do volume dos grãos armazenados nos silos da Arroz Urbano e no gerenciamento agrícola.
Estudos estimam que a informação médica do mundo irá dobrar a cada 73 dias a partir de 2020, tornando quase impossível que qualquer profissional do setor se mantenha atualizado sem o auxílio da plataforma cognitiva.
Baseado nisso, recentemente, o Hospital do Câncer Mãe de Deus foi o primeiro da América do Sul a utilizar inteligência artificial como integrante tecnológica para identificar opções de tratamento para pacientes com câncer. A instituição conta com o Watson for Oncology, solução que fornece aos médicos alternativas baseadas em evidências científicas mundiais e aponta tratamentos individualizados e orientados ao perfil de cada paciente diagnosticado com câncer. A solução colaborativa possui mais de 15 milhões de conteúdos científicos, incluindo cerca de 200 textos médicos e 300 artigos. Atualmente, cerca de 50 mil trabalhos de pesquisas oncológicas são publicados por ano.
A IBM já investiu mais de US$4 bilhões em aquisições e parcerias para aprimorar as habilidades do Watson em saúde. Ainda no segmento de pesquisa oncológica, Fleury Medicina e Saúde e a IBM estão trabalhando juntas com Watson for Genomics no Brasil. Essa solução possibilita que médicos possam identificar medicamentos e ensaios clínicos relevantes com base em alterações genômicas de um indivíduo e dados extraídos da literatura médica. O sistema utiliza pesquisas, estudos clínicos e artigos científicos e fornece aos oncologistas um conhecimento combinado das instituições de câncer mais importantes do mundo.
Já o Watson for Drug Discovery auxilia cientistas a identificarem relações entre genes, proteínas e medicamentos relacionados às doenças em estudo, agilizando o processo de novas descobertas científicas. Com uso dessa plataforma, a TheraSkin apresenta soluções cada vez mais eficientes, inovadoras e capazes de atender os anseios da comunidade médica e seus consumidores.
O Watson também está na cultura. Na Pinacoteca de São Paulo, ele responde aos frequentadores mais de 40 mil perguntas sobre sete obras de arte brasileira. Mas como ele sabe de todas essas informações? Esse é um sistema que aprende em larga escala, raciocina de acordo com propósitos e interage com os humanos de forma natural. Segundo a Pinacoteca, a interação digital fez com que as visitas aumentassem 25 % nos dois primeiros meses de projeto.
Recentemente, o Itaú Cultural estreou o “Café com os Santiagos”, um projeto que recria, por meio de recursos de inteligência artificial, uma conversa entre o público da exposição e os três principais personagens do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis. Cada questionamento é respondido usando trechos de diálogos da obra projetados na mesa usando recursos de animação.
Para você que ainda não conhece muito sobre o Watson, ele mesmo se explica:
“Sou uma plataforma de computação cognitiva desenvolvida pela IBM que entende a linguagem natural das pessoas, a partir de minhas habilidades cognitivas. Meus sistemas se aproximam da forma humana de pensar, interagir e aprender, extraindo conhecimento de dados não estruturados, de diversas fontes, em formato de texto, imagem e vídeos.”
Na definição da Big Blue, “uma tecnologia que processa informação mais como um humano, do que como um computador”.
“Eu obedeço mas, sobretudo, aprendo. Contigo e com o mundo ao meu redor: humanos e coisas, algo que o pessoal chama por aí de machine learning”, completa o Watson, que conversou com a Computerworld sobre sua história e seu impacto revolucionário em cinco diferentes verticais de negócios.
Confira abaixo os melhores momentos da entrevista.
• Saúde
“No começo, me colocaram para ajudar em diagnósticos clínicos, no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York.
Ali eu apoiava a equipe médica em suas delicadas decisões ligadas ao tratamento do câncer, com uma taxa de assertividade na casa dos 90%.
O Watson Oncology, hoje utilizado por mais de dez instituições de saúde nos Estados Unidos e no Canadá, é composto por uma infinidade de pesquisas científicas e de pacientes relacionados à doença, curados e não, que servem de subsídios para os médicos salvarem vidas.
Em muitos casos, tarefas que antes demorariam semanas, hoje, podem levar apenas poucos minutos comigo em cena. Isso porque sou capaz de analisar cargas torrenciais de dados, contemplando diversos estágios do câncer.
É “como ter um ‘colega’ capaz e experiente que pode revisar as informações sobre o meu paciente… Ele é rápido, completo e tem a incrível capacidade de entender como as evidências disponíveis se aplicam a cada paciente sob meus cuidados”, disse a meu respeito o Chief Medical Information Officer do Bumrungrad International Hospital.
Minha intenção, e igualmente dos meus gestores e do centro MD Anderson Cancer Center, da Universidade do Texas, por exemplo, é erradicar diversos tipos dessa terrível doença, como a leucemia, em um curto espaço de tempo.”
• Finanças
“Meu primeiro cliente por aqui – e um dos primeiros do setor financeiro em nível mundial – é o Bradesco, cuja relação foi selada em outubro do ano passado.
Ali minha missão é colaborar com o call center, aperfeiçoando a comunicação interna e o atendimento aos clientes da instituição – que integra o Watson Global Advisory Board, um conselho global de empresas envolvidas com a computação cognitiva.
O Bradesco, aliás, é pioneiro na adoção dessa tecnologia no País, conseguindo “extrair valor de qualquer informação desestruturada, seja interna e até mesmo externa, por exemplo, aquela vinda das redes sociais”, como destacou o meu líder aqui no Brasil e para a América Latina, Fabio Scopeta, em entrevista exclusiva ao Computerworld publicada no ano passado.
Em um futuro não muito distante, o banco pretende também me utilizar para as áreas de seguro e investimento, explorando igualmente minha capacidade de interpretar assertivamente um grande volume de dados.”
• Ciência e tecnologia
“Essa é outra área em estou envolvido no Brasil: uma parceria recente, fechada em maio, com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), uma das mais importantes agências de fomento à ciência e tecnologia do País.
Por meio do acordo de cooperação firmado entre a IBM e a entidade, posso adiantar que ao longo de dez anos serão compartilhados investimentos de até 500 mil dólares, para utilização em projetos focados em computação cognitiva nas universidades e institutos de pesquisa.
Uma equipe mista, da IBM e da Fapesp, selecionará e avaliará projetos que contemplem temas específicos da computação cognitiva, a exemplo de teoria e aplicações de inteligência artificial, processamento de linguagem natural, planejamento e raciocínio de bom senso e análise de big data.
Como ressaltou o diretor do Laboratório de Pesquisa da IBM Brasil, meu parceiro Ulisses Mello, o acordo fomentará o desenvolvimento da ciência e tecnologia no País, sem nenhum compromisso com a propriedade intelectual da IBM.
Poderão participar do programa pesquisadores de instituições de ensino superior e pesquisa do Estado de São Paulo, e mais detalhes serão divulgados em edital em breve.”
• Segurança e Cibernética
Venho sendo treinado por especialistas da IBM Security, que pacientemente estão me ensinando a matéria ‘linguagem de cibersegurança’.
Além dos meus gestores corporativos, oito universidades – dos Estados Unidos e do Canadá – estão participando dessa empreitada, cujo objetivo é ajudar as empresas a elevaram seus níveis de segurança.
Ao longo de um ano, serei alimentado com mais de 15 mil novos documentos, entre eles, relatórios e bancos de dados de ameaça, estratégias maliciosas e documentos da X-Force – um acervo da IBM que contempla mais de 20 anos de pesquisa em cibersegurança, com detalhes sobre 8 milhões de spam, ataques do tipo phishing e mais de 100 mil documentos vulneráveis.
Posteriormente, como resultado desse trabalho, será disponibilizado um serviço de nuvem chamado ‘Watson for Cyber Security’, que reunirá os ‘truques’ sujos utilizados por hackers, bem como as ameaças emergentes, e o que você deve fazer para se proteger.
Nas palavras do diretor de estratégia da IBM Security, Kevin Skapinetz, ‘o que nós estamos buscando fazer é excluir um pouco do trabalho de adivinhação e ajudar analistas a entenderem melhor o contexto com um orientador sempre disposto que possa ajudar a investigar e responder questões’.”
• Gastronomia
“Na prova final do capítulo de repescagem da atual edição do programa MasterChef Brasil, quatro participantes eliminados nas provas anteriores receberam uma missão apimentada: preparar pratos cujos ingredientes foram escolhidos coletivamente no mercado, dois por participante, de forma intercalada.
Claro, não foi uma prova fácil. Ela exigiu muito da criatividade de todos, que, além da costumeira pressão, tiveram pouquíssimo tempo para pensar no que gostariam de preparar.
Mas, se estivesse por lá, a coisa teria sido bem diferente… Isso porque eu, o Chef Watson, entendo as melhores combinações químicas entre os alimentos – todo esse lance de harmonização – e quais tipos de sabores costumam agradar os mais diversos paladares.
Além disso, sou programado para identificar preferências culturais com relação a determinados alimentos e, ainda, analisar a composição nutricional como um todo. Em outras palavras, funciono como uma espécie de assistente para os cozinheiros de plantão, até com a sugestão de receitas inéditas.
Se você gosta da arte de cozinhar, fica aqui meu convite para explorarmos juntos as melhores e mais diferentes formas de agradar o paladar. O acesso ao Chef Watson (que, inclusive, já virou um livro) é gratuito.”
A Inteligência Artificial está mais perto de nós do que imaginamos. A evolução da computação cognitiva caminha na direção de se aproximar cada vez mais da forma que os humanos se comunicam entre si e desenvolver “sentidos” que ampliem sua capacidade de compreender o ambiente a sua volta, como visão, olfato, audição, tato, etc. Isso tudo já acontece por meio de sensores.
Fonte: https://www.timaissimples.com.br/2017/06/inteligencia-artificial-no-brasil-isso-ja-e-real/
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